Sociedade se escandaliza com cadeiras faraônicas para TJ e penúria das varas e fóruns
- domingo, 29 de novembro de 2015.
Enquanto compra 33 cadeiras importadas da famosa marca Herman Miller por R$ 288.750,00 (ao custo de R$ R$ 8.750,00, cada uma), o presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, Cláudio Santos, ignora a gravíssima crise financeira do governo do estado e a situação de penúria e abandono em que se encontram as dezenas de varas e fóruns espalhados pelo estado.
A reportagem publicada pelo jornal Tribuna do Norte, na última sexta-feira, 27, escandalizou e provocou estupefação na sociedade e revolta nos funcionários porque desde que assumiu, o presidente do TJRN transformou as palavras moralidade e austeridade em mantras, que repete nas constantes entrevistas à mídia potiguar. A realidade, desde o princípio, é outra bem diferente.
Dinheiro parece não ser problema para o TJRN. Já a partir de janeiro os desembargadores e juízes terão mais um reajuste em seus vencimentos, desta vez de 16%, além de passarem a sentar-se em artefatos de arte (as cadeiras foram eleitas o design da década e fez parte do hall da fama do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque - Moma). Já os servidores enfrentam toda sorte de constrangimentos e dificuldade para trabalhar com um mínimo de dignidade e conforto.
Falta quase tudo nos locais dos trabalhos e os servidores tem de se virar como podem, desde fazerem "vaquinhas" e cotas para comprarem material de expediente até aqueles que adquiriram suas cadeiras do próprio bolso, depois dos "bicos de papagaios" e hérnias de discos (veja depoimentos no final).
Certamente que as condições de trabalho insalubres dos trabalhadores se refletiram na péssima avaliação este ano do TJRN por parte do Conselho Nacional de Justiça, que conferiu à corte potiguar o Selo Justiça em Números, na categoria Bronze. No ano passado, o TJ obteve o Selo Diamante, sendo um dos poucos do país a alcançar esse patamar de excelência. O modelo autoritário e avesso ao diálogo da gestão Cláudio Santos, que retirou direitos, reduziu salários e precarizou o trabalho, também contribuiu para a performance medíocre do TJ junto ao CNJ.
Coincidentemente, este mês faz um ano que a atual gestão negou a progressão na carreira dos servidores, sob alegação de que extrapolaria o limite prudencial. Isso apesar de o Sindicato ter entrado com um mandado de segurança, julgado favorável, que não transitou em julgado, mas os servidores não tiveram a progressão e nem sabe quando terão. Tem sido assim desde o primeiro dia da atual gestão, para os desembargadores e juízes tudo, contra os funcionários toda sorte de legalismo e o moralismo mais fajuto.
Há poucos dias, em visita à Câmara Municipal de Natal, Cláudio Santos anunciou a construção da sede do TJ, que irá custar nada mais nada menos que R$ 80 milhões. Mais uma demonstração cabal de que dinheiro não é problema para a corte. Tanto não é que o juiz Raimundo Carlyle disse que a gestão anterior tinha deixado cerca de 100 milhões de reais, "livres e desembaraçados" em caixa (http://jurinews.com.br/2015/01/12/ex-auxiliar-da-presidencia-juiz-raimundo-carlyle-diz-que-tj-rn-nao-esta-quebrado/).
Em entrevista à imprensa, sobre a nova sede, o presidente do TJ afirmou: "Não estamos falando de luxo, mas que seja simples e tenha a funcionalidade e que o local permita melhores condições de trabalho". É muito provável que tenha a mesma opinião sobre os tronos artísticos do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque - Moma, que agora embelezarão o plenário do tribunal do pobre estado do Rio Grande, sem norte e sem sorte.
LEIA DEPOIMENTOS DOS SERVIDORES SOBRE A PENÚRIA NOS LOCAIS DE TRABALHO
"Aqui na Zona Norte quase todas estão sem caixa de arquivamento de processos. O almoxarifado afirma que há quase um ano tenta conseguir. Só ligar para o almoxarifado do TJRN e perguntar o que não tem e eles dizem."
"Alguns compram os tones das impressoras."
"Assento sanitário quebrado, sem sabonete, cadeiras rasgadas, sem Gelágua."
"Café OURO NEGRO!!! Porcaria!"
"Vcs já mandaram processos pro depósito sem as caixas?? Só com o barbante??"
"E as cadeiras de espera dos fóruns para a população? Minha gente!!!! Nem a cor dá para identificar."
"Enquanto isso os servidores amargam 1 ano de espera pela progressão".
"Enquanto isso, falta envelope, liga de borracha, caixa para arquivar processos, e muitos outros materiais de expediente."
"Alguns servidores fazem vaquinha para aquisição de material de expediente para não deixar faltar".
"Fizemos uma cota aqui pra comprar uma fechadura para a porta".
"Se quis me sentar melhor eu comprei, com meu dinheiro, uma cadeira decente, os colegas aqui são testemunhas".
"Faz sete anos que pedimos cadeira lá pra {cidade do interior} mandaram umas usadas ano passado... Que já vieram quebradas... O jeito foi continuar com as de 12 anos atrás....putz...ja não aguento a coluna...vou ter que comprar uma esse mês."
Enquanto isso, falta material de expediente. Estive em uma secretaria dia desses que faltava capa de processo, papel e outras coisas para o trabalho do dia a dia. Isso é uma afronta à moralidade!"
"Nossa sociedade entrou em colapso total. Não temos nenhuma, digo, nenhuma, instituição que possa nos guiar nessa escuridão que chegamos."
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A reportagem publicada pelo jornal Tribuna do Norte, na última sexta-feira, 27, escandalizou e provocou estupefação na sociedade e revolta nos funcionários porque desde que assumiu, o presidente do TJRN transformou as palavras moralidade e austeridade em mantras, que repete nas constantes entrevistas à mídia potiguar. A realidade, desde o princípio, é outra bem diferente.
Dinheiro parece não ser problema para o TJRN. Já a partir de janeiro os desembargadores e juízes terão mais um reajuste em seus vencimentos, desta vez de 16%, além de passarem a sentar-se em artefatos de arte (as cadeiras foram eleitas o design da década e fez parte do hall da fama do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque - Moma). Já os servidores enfrentam toda sorte de constrangimentos e dificuldade para trabalhar com um mínimo de dignidade e conforto.
Falta quase tudo nos locais dos trabalhos e os servidores tem de se virar como podem, desde fazerem "vaquinhas" e cotas para comprarem material de expediente até aqueles que adquiriram suas cadeiras do próprio bolso, depois dos "bicos de papagaios" e hérnias de discos (veja depoimentos no final).
Certamente que as condições de trabalho insalubres dos trabalhadores se refletiram na péssima avaliação este ano do TJRN por parte do Conselho Nacional de Justiça, que conferiu à corte potiguar o Selo Justiça em Números, na categoria Bronze. No ano passado, o TJ obteve o Selo Diamante, sendo um dos poucos do país a alcançar esse patamar de excelência. O modelo autoritário e avesso ao diálogo da gestão Cláudio Santos, que retirou direitos, reduziu salários e precarizou o trabalho, também contribuiu para a performance medíocre do TJ junto ao CNJ.
Coincidentemente, este mês faz um ano que a atual gestão negou a progressão na carreira dos servidores, sob alegação de que extrapolaria o limite prudencial. Isso apesar de o Sindicato ter entrado com um mandado de segurança, julgado favorável, que não transitou em julgado, mas os servidores não tiveram a progressão e nem sabe quando terão. Tem sido assim desde o primeiro dia da atual gestão, para os desembargadores e juízes tudo, contra os funcionários toda sorte de legalismo e o moralismo mais fajuto.
Há poucos dias, em visita à Câmara Municipal de Natal, Cláudio Santos anunciou a construção da sede do TJ, que irá custar nada mais nada menos que R$ 80 milhões. Mais uma demonstração cabal de que dinheiro não é problema para a corte. Tanto não é que o juiz Raimundo Carlyle disse que a gestão anterior tinha deixado cerca de 100 milhões de reais, "livres e desembaraçados" em caixa (http://jurinews.com.br/2015/01/12/ex-auxiliar-da-presidencia-juiz-raimundo-carlyle-diz-que-tj-rn-nao-esta-quebrado/).
Em entrevista à imprensa, sobre a nova sede, o presidente do TJ afirmou: "Não estamos falando de luxo, mas que seja simples e tenha a funcionalidade e que o local permita melhores condições de trabalho". É muito provável que tenha a mesma opinião sobre os tronos artísticos do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque - Moma, que agora embelezarão o plenário do tribunal do pobre estado do Rio Grande, sem norte e sem sorte.
LEIA DEPOIMENTOS DOS SERVIDORES SOBRE A PENÚRIA NOS LOCAIS DE TRABALHO
"Aqui na Zona Norte quase todas estão sem caixa de arquivamento de processos. O almoxarifado afirma que há quase um ano tenta conseguir. Só ligar para o almoxarifado do TJRN e perguntar o que não tem e eles dizem."
"Alguns compram os tones das impressoras."
"Assento sanitário quebrado, sem sabonete, cadeiras rasgadas, sem Gelágua."
"Café OURO NEGRO!!! Porcaria!"
"Vcs já mandaram processos pro depósito sem as caixas?? Só com o barbante??"
"E as cadeiras de espera dos fóruns para a população? Minha gente!!!! Nem a cor dá para identificar."
"Enquanto isso os servidores amargam 1 ano de espera pela progressão".
"Enquanto isso, falta envelope, liga de borracha, caixa para arquivar processos, e muitos outros materiais de expediente."
"Alguns servidores fazem vaquinha para aquisição de material de expediente para não deixar faltar".
"Fizemos uma cota aqui pra comprar uma fechadura para a porta".
"Se quis me sentar melhor eu comprei, com meu dinheiro, uma cadeira decente, os colegas aqui são testemunhas".
"Faz sete anos que pedimos cadeira lá pra {cidade do interior} mandaram umas usadas ano passado... Que já vieram quebradas... O jeito foi continuar com as de 12 anos atrás....putz...ja não aguento a coluna...vou ter que comprar uma esse mês."
Enquanto isso, falta material de expediente. Estive em uma secretaria dia desses que faltava capa de processo, papel e outras coisas para o trabalho do dia a dia. Isso é uma afronta à moralidade!"
"Nossa sociedade entrou em colapso total. Não temos nenhuma, digo, nenhuma, instituição que possa nos guiar nessa escuridão que chegamos."
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